segunda-feira, 22 de julho de 2019

Se Piratini tivesse mar

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Cidade que não se cruza ou se passa
Cidade importante e imponente
Cidade que não é minha, mas é nossa
Cidade que é história da gente

Piratini que por mato é rodeada
Piratini uma cidade de encantar
Piratini de beleza sem fim
Piratini que não tem mar

Cidade que por moros é cercada
Cidade que por gente é amada
Cidade que pra bicho é morada
Cidade que pra gente é encantada

Piratini que capital um dia foi
Piratini que capital sempre será
Piratini que é luta e tradição
Piratini que um dia quero morar

Cidade que distante se faz perto
Cidade que com riscos se fez traçar
Cidade que querencia a qualquer
Cidade que não tem mar

Piratini que sempre volto
Piratini que a gente não deixa de amar
Piratini com sua ponte de ferro
Piratini cidade que nos põe a cantar

Cidade que por visita deixo amigos
Cidade que pelas costas não quero olhar
Cidade que é saudade e um mistério
Cidade que não tem mar

Piratini cidade que apadrinha
Piratini se lá ouvesse mar
Piratini que não é sua e não é minha
Piratini que sem mar quero nadar


Marcos Alves

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terça-feira, 19 de setembro de 2017

Um Olhar de Menina


Busquei um vento encaminhador,
em um trote por vezes perdido.
Corri campos em busca de pouso,
em bailes, "bombeando" um sentido.

Uma rosa, por vezes perdi,
o sono, eu há de um dia encontrar.
Foi preciso, a china por mim cruzar,
e meu coração nela de vez assentar.



No relance do olhar, já dei a sentença,
numa ânsia deste amor recusar.
Sua presença num rancho futuro,
rosas e campo e um amor pra amar.

Um olhar de menina, uma rosa no ar,
e seu caminhar, por mim encontrar.
Uma vida em distância, tempo,
uma linha perdida um rolo a formar.

Mates de amor em dias de orvalho,
a beira do fogo, lenha e calor.
A porta do rancho, um sabiá a cantar,
o sol em frestas, ilumina este amor.

Marcos Alves

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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O Fel da Vida

Resultado de imagem para animal gauchoO gosto amargo da vida vem como uma pequena dosagem.
O fel sentido na boca no conta-gotas do tempo, pede passagem.

Um "Ermano" quando em pedras pontiagudas, figura uma moldura.
Relata sua dor de um dia que se repete no outro, com marcas de tortura.

Seu tempo neste tempo, já pintou retratos que por vezes preto, outros branco.
No caminhar por estas pedras, duas foram as dores, alma presa a um canto.

Um coração pode ser forte, em tempos de um amor conturbado.
Ele se destrói, quando um pedacinho da gente pede licença, e se faz distância num riscado.

Sua casa, trás a sombra da calmaria na ausência de um brilho, de uma luz.
O amor trincado, endurece os dias, o mesmo amor é o que sempre o conduz.

Sombra e céu, mudam a cada vez que olhos baixam na dureza da vida.
Forte é aquele, quem em temporais, desvia do pingar de uma vida sofrida.

O tempo, indica o título diária da nossa passagem neste plano.
A dores de ontem se acomodam, a luz entra, o coração acalma sem engano.

Marcos Alves

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quinta-feira, 6 de abril de 2017

A Boleadeira que Lancei


Foi no coice da vida que cresci, nas carreiras de domingo.
Lancei a boleadeira e com os olhos de uma águia, acompanhei.
Em seu caminho, levantou poeira, e eu de trás dela a seguia.
Foi abrindo porteiras, e dentro mim, lagrimas, consolo só meu pingo.

São dias de temporal, sangue, dor e prantos.
O quero-quero que lá fora canta, não entende.
O sentimento sentido, fica quieto em minha alma.
Mundo estranho este, somos poucos mas tem tantos.

Sou velho, a caminho de um tempo fim.
Vivi na vida, momentos que nunca mais.
Não tenho segredos, minhas rédias estão atiradas.
Eu aceito agora, por fim, o que vier a mim.

O meu mate esfria, na demora que sorvo.
Meus sonhos, refaz um dia que nem lembro.
Meus braços, não obedecem, e o meu cavalo um anjo.
Pelo tempo, e pelas rugas espero, mas não me comovo.

Busquei pela jornada em pastos molhados, um amor.
Encontrei neste mundo tudo, herança de um pai meu Deus.
Os piás e a china, estes ficam, e eu na espera, por que antes, eu vou.
O patrão, já com a chaleira pronta, me aguarda, és tu meu Senhor.

Marcos Alves

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sábado, 17 de setembro de 2016

O Minuto do Acordar


Resultado de imagem para gaucho velho no frio
No minuto que acordo, no frinchar do olhar,
miro o quadro, a imagem da mãe divina.

Viro pro lado, enquanto atino o momento,
me dou de conta, ainda é cedo e lá fora o frio.

Mesmo trazendo na alma o campo, por velho,
me falta força e o frio corre em arrepio.

Grito a china, quem na vida me faz costado e peço ajuda.
Estou velho, é hora, levante este corpo pra cima.

Na revoltosa do tempo, no esquilar do dia, levo o pensar.
Tempo e força pra este bagual, era em abundância.

Trago hoje, comigo a saudade dos que já foram, amigos,
irmãos e as alegrias de um baile em tapera.

Sou um cerne, bombacha e chapéu me identificam.
As tarefas foram obrigação, a doma uma cina.

Não trago mais a mocidade, tenho isto como certo,
mas por conhecer, dou relho ao capataz de qualquer estância.

O chimarrão em dias de orvalho, nos tempos idos,
me preparava sempre, chuva ou vento, tanto faz tinha lida.

Este mesmo mate, jujado a minha moda, hoje,
embala meus dias em tempo de espera.

Ganhei neste plano, mais do que perdi. O patrão sabe,
conduziu tudo a moda dele, pra esta vida que vivi.

Busquei o certo, plantei amor e colhi saúde. O pampa meu lugar,
a terra meu poncho cobrindo meu corpo nesta vida.

Marcos Alves.

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Um Vivente neste Tempo

A linha que tracejo a ponta de carvão,
de uma extremidade a outra, é curta.

A paciência que possuo, é caborteira.
Indignação é sentimento, de algo que não cura.

Um vivente neste tempo, troteia no dia a dia, chuva e sol entre retalhos, e não vê o fim.

A tempo e hora, o campo e os bichos retiram, pedaços da alma, pura que tem em mim.

Queria eu, em minha ignorância buscar,
um sentido, o motivo, em atos humanos.

Ainda sinto quero acreditar, que um sujeito de valor,
só tem origem e fundamento em velhos panos.

Um homem de bem, estreita seu caminho,
pelas intempéries do acaso, a cada dia a cada hora.

O correto o justo, receberá de certo o melhor lugar,
nas rezas de Nossa Senhora.

Marcos Alves.

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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Batizado em Quincha Aberta

Foi num galpão, manhã, frio e vento.
Em um ritual sagrado, fui ungido.

Pelas mãos divinas, recebi amor e paz.
Ao patrão velho lá de cima, eu fui erguido.

Na quincha já sofrida, sobravam nuvens e céu.
O angico em labaredas, pelo meio,  aquecia o tempo.

O vento que não poupava, cortava,  palas e ponchos.
O Frio em sincronia, sorrateiro, ditava o momento.

No anseio da vida, ainda nos braços de minha mãe,
expressei um baita sorriso, alegria, de um piá.

De certo, e pela benção do senhor, um gaúcho se fez.
No olho do meu pai, brilho e luz, mais lindo não há!

Marcos Alves.

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domingo, 3 de julho de 2016

Recuerdos de Uma Vida

Tenho a lua, como parceira, na condução do pensar, passado e presente, são "recuerdos", na escuridão.
Lembro dos meus temores, que por horas, cortavam a alma, pela sombra, junto ao candieiro, escuto meu coração.

Ordeno o meu lembrar, mateando junto a china, em brasa e fogo, em uma reza, da qual me entrego, reflito, e me reconcilio comigo.
Fiz coisas, maldades das quais não me orgulho, penitência eterna, busco na luz e pela fé no senhor, o que a muito, me foi prometido.

Em léguas de estrada, peleei lutas, que muitos machuquei, gritos contidos, torturam este bagual, por amor em esmolas.
Sou firme de rumo, tracei minha liberdade, salvação, ao tinir das argolas.

É neste ponto, onde a geada que piso, faz meu tempo valer.
É pelo rio que lava, que entrego um eu antigo, na busca do meu novo ser.

Marcos Alves.

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Aguadas do Amor

Trago nas cordas da minha guitarra, melodias de amor.

Orquestradas pela batida, sentida no peito deste cantor.

Vou de manso, ao encontro da bela prenda ao final de cada tarde.

Busco em seu corpo, o calor e o exalar do cheiro que não arde.

Em linhas sinuosas, descrevo seu corpo em precisão.

No mesmo tracejado, rabisco o desejo, de ti, em letras de uma canção.

Numa aguada, vejo pedras gastas pelo tempo.

Encharcadas de histórias, sol e lua, contadas ao relento.

Nelas, eu e tu, banhados pelo amor ao escrever nosso destino.

E este bagual, agora te pertence, pra nunca mais um teatino.

Marcos Alves.

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terça-feira, 21 de junho de 2016

Voz ao Silêncio

Dou voz ao meu silêncio,
pelas patas do meu crinudo.
Explico a quem quiser ouvir,
no meu andejar sem rumo.

O sujeito, cuja a mente é um cerne,
faz do seu tempo, um suplício.
Não acompanha, o que se apresenta,
engessando a vida, à beira do precipício.

Quem por regra, segue o trilho da chuva, enxerga este mundão, em sua verdade.
No embestar da cegueira humana, há de ficar,
questionamentos diversos, em qualquer idade.

Neste tempo que vivo, diferente do ontem,
vejo e não acredito, busco abrir o pensamento.
Sou herdeiro de uma tradição, firme em fundamentos,
no amanhã incerto, de peito aberto, espero o momento.

No dia a dia, por cima do basto, dia e noite me vou,
em trilhas que mostram o qual diferente um é do outro.
Mesmo em qualquer querência, que tropeço, eu duvido,
quero saber e ver tudo, não aceito verdade vindas ao sopro.

Marcos Alves.

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quarta-feira, 8 de junho de 2016

Velho um Título

No meu couro, historias escritas em rugas de sabedoria,
nestas linhas, aprendi e sei, todo o início tem um fim.
Me denominam um velho, veterano em seu tempo e lugar,
tenho a alma estancieira, onde plantei vida, e foi sempre assim.

Entre primaveras e outonos, de chapéu tapeado e perna alçada,
sol e geada, foram muitas, num silêncio costumeiro.
Vivo só, campo e solidão, foram destinos oferecidos desde guri,
o tempo não poupa, e se mostra, mesmo para este bagual caborteiro.

O sangue da cultura do meu pampa, corre em mim,
como água, dos mates madrugadeiros que sorvi.
Tramelas das mais diversas porteiras, não foram trancas pra mim,
de goela aberta, conduzi meu ofício de capataz, e assim vivi.

Tenho vida de peão, esta é a minha sina para todo o sempre,
ressuscito a cada manhã. jujado na esperança ao som, dos pássaros cantando.
Busco o leite ainda fresco, recorro os animais, dos poucos que tenho e me vou pra lida, pelas estradas como sempre, cavalgando.

Marcos Alves.

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Audácia do João

Certa feita, ao abrir a porta do meu rancho,
nos primeiros raios de sol, o pasto ainda orvalhado.
De frente pra mim, numa audácia tamanha, um João,
sem permissão, num frenesi bárbaro e de bico molhado.

João, a quem Deus agraciou com asas em forma de vida,
e a tarefa, de fazer do barro um rancho, sua cobertura.
Bicho lindo, numa perícia gigantesca, terra e água, ainda fresca, pelo bico, num ritual que até nem entendo, conduz a obra com formosura.



Acompanhando seu trabalho, lua e sol, e admiro o acontecido,
no meu esperar pra lida, ensino os guris a importância do momento.
Fico até sem fala, no admirar da obra divina, mas não deixo por menos,
com a voz firme, exijo, quero respeito ao bicho, que viva seu tempo.

Animal sábio, e ainda que pequeno, um gigante em conhecimento,
constrói seu rancho perto do meu, assim, peito a peito.
E eu, já de garganta seca, peço água a todo momento, e num espanto,
a obra deste artista da natureza, termina em um traço perfeito.

Marcos Alves.

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quinta-feira, 2 de junho de 2016

Sou Pampa, Terra e Sul

Ainda guri, fatos e contos escutei, pelas vozes, dos antigos atuais.
Perícias e manejos do campo, aprendi, por verdades, dos mais diversos  mananciais.

Retempero a minha alma, com labaredas da história, relembro dos  tempos idos, com palavras de saudade.
Pelos verdes dos campos, eu cresci e vivi, fui assolado por tudo, campo e céu, de relance a maldade.



Na calmaria que se apresenta, me vou ao estilo sereno,
pelos favos das bombachas, determinei tempo e lugar.
Num semblante "abagualado", não relincho ao alheio,
com o sol na moleira, gaita e violão, dedilho meu sonhar.

No minuano recorrente, vou "desquinando" as intempéries,
aqueço as manhãs, junto ao angico, brasas ao relento.
Encilho as horas em um silêncio, no verde do meu mate,
penso, no rastro que deixei, de certo, ensinamento.

Vou meio sólito, conduzindo o corpo em tapera,
peleando os dias, adiante de cada porteira.
Me agrada esta passagem, na lida ao redor da cultura,
sou pampa, terra e sul, uma lenda campeira.

Marcos Alves.

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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Pai Nosso

Num rito de penitência, peço licença ao Patrão
Sorvo de sua palavra, na esperança do seu perdão

Me dobro diante de ti, com sede de sabedoria e luz
Em horizontes sem fim, carrego, o que me destes como cruz

Sou como um campo seco, a espera da água da chuva
Sou como filho, diante de ti, com respeito de quem se curva

Me reconcilio com o pai celeste, no cair da aurora, a cada fim de lida
Ainda de pala, diante do livro sagrado, lhe conto a minha vida

Louvo ao criador, e me ponho em oração, piedade senhor
Rezo, pois sou povo de Deus, sussurro gratidão com espírito de amor

Neste ritual, me lanço ao rigor de cada dia, cumprindo meu ofício
Numa missão de fogo, campo, doma e até guerra, cumpro meu sacrifício

Ungido com água sagrada, me deste lugar neste mundo, em atos de louvor
Celebro a ti, no meu tempo, em busca da benção, como qualquer pecador

Com as mãos pro o céu, joelhos ao chão, em comunhão com Deus, o mistério em canto
Em sinal de obediência, eu repito sempre, em nome do pai, do filho e do espírito santo.

Marcos Alves.

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domingo, 8 de maio de 2016

Sorvendo o Fim

Lavo a erva, num "converse" sem fundamento.
Devaneio da vida, em passos ao relento.

Lembro, e até afirmo, fatos, por algum momento.
Me perco no pensar, enquanto me analiso por dentro.

Olhar, já com pouco brilho, na idade do tempo.
Deleito uma seiva charrua, perto do fogão, atento.

Nas paredes do meu galpão, ranhuras, contam o que enfrento.
De aba larga, tapeio a vida, e a tranço, com o melhor tento.

Ademais, os alaridos, em meu pensar, atormentam agora.
Bombachas gastas, sovadas da lida, em fim, chegando a minha hora.

No meu cepo, pensativo, em tarca relaciono os amores.
Ao patrão, em prantos, eu suplico, em meio as minhas dores.

Nesta vida, e desta vida, peço preferência.
Aproveito o merecido, enquanto eu ainda, tenho tenência.

Marcos Alves.

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quarta-feira, 4 de maio de 2016

Meu Pensar em Abandono

Certa vez, me deparei debaixo de um tarumã.
Na sombra do antigo, num vento sul e na busca de um amanhã.

Na mente, tormentas tomam conta do meu juízo.
Campo, céu e poesia, são coisas das quais vivo e preciso.

Cicatrizes da terra, estas teimam em não curar as feridas do couro e da alma.
Querência, campo e cavalo, nesta vida torena, eu trago sempre na palma.

Mel, canha e uma madrugada fria, momentos únicos de um bagual.
Noite e bolicho, trás diversão e peala da mente, o temporal.

Em um barranco, vou em assobio, grilando uma nota em melodia.
Picumãs, chaminé e céu, riscam as caminhadas do meu dia.

Na groso da vida, caminho pelos versos do coração, em disparada.
No clamor, que minha alma exige, e na calma de uma madrugada.

O meu pensar, desafia o tempo, e o silêncio, este insiste na solidão.
Na trincheira do meu abandono, dedilho pensares embalados pelo meu violão.

O carvão, que o fogo prepara no início de cada manhã, aquece os sentimentos.
Incerto, do que a vida reserva, ao pai celestial eu me entrego, em todos os momentos.

Indo pela direita, esquerda e até mesmo pelo meio, eu ainda, sem os freios me vou ao vento.
Minha mente, me conduz, e não destrói o que tenho por certo, pois, sou um taura a frente de seu tempo.

Marcos Alves.

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segunda-feira, 2 de maio de 2016

O Livro da Vida


As envelhecidas páginas, da minha vida, trazem temas de grande importância.
Embora, escritas a muito tempo, ainda são, vivências de hoje, em dialeto sagrado.

São linhas, paginadas de ensinamentos, que indicam ao novo, início, meio e fim.
Antigas verdades, vivência campeira, amores e sofrimento, nas rugas que trago.

São relatos de felicidade, dor e perda, passagens da vida, em tinta e folha.
Segredos, que mostram o que fui e sou, em tramas, que por horas, relambórias.

Conto por vezes, o desbotar da vida, e no quebrar de alguma linha, o colorido.
Na virada da folha, vem a saudade em tapera, os soluços das perdas e o choro das vitórias.

Caneta e lápis, foram e são armas das quais guerreio em batalhas contra o tempo.
Não foi preciso lamentos, temos o que merecemos, e por isto, apontamos no papel.

A distância entre a vida e a morte, por vezes, tem o tamanho do laço nas aspas de um boi.
Fica mais tempo, neste plano, os que por sorte, ao pai de joelhos respeitou no céu.

É certo, que neste livro de capa dura, folhas brancas outras amareladas, onde escrevo, eu nunca nada apagarei!
Alguns ritos desta vida, podemos ditar, outros não. Em meu leito final, já nas últimas linhas, estas, eu não mais as escreverei.

Meu livro, me entrega, trás o que fiz e foi visto, e o que deveria ter feito, e nada fiz.
Rabisco, tem aos montes, e até apagados podem ser, por alguém que não eu.

Passado e presente, foram sendo ditados, pelos meus próprios punhos e olhos.
Futuro, este não me pertence, neste livro, só verdades escrevi, com a cancela do coração aberta, e nele, só quem riscou, fui sempre eu.

Marcos Alves.

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sexta-feira, 29 de abril de 2016

Trilhos da Minha História

Um gaúcho, encaminha sua honra pelos trilhos da história.
Molda sua vida e costumes, com o melhor aço e firmeza.

Errado, é aquele que pensa diferente, e determina.
Que, o que nos toca é apenas pão, em cima da mesa.

Sou índio, e pertenço a esta tribo pampeana, e digo com muito orgulho.
Busco pela verdade, conhecer os motivos deste povo, em querência.

Finco os pés nesta terra, e dela, trilho um destino em minuano.
Escrevo o que digo, e só digo o que sei, sem manchar minha existência.

Frio, chuva ou qualquer tempo, não importa! Vim do pó, carregado pelo vento sul.
E por fama na região, domo qualquer bagual, nunca me dou por cansado.

E digo, cavalo por redomão, serve pra toda lida, claro, até pras corridas.
Pela encilha, ensino o respeito, pelo passo e trote, dou por domando.

A sanga, aquela que passa na volta do rancho, conta e lembra.
Os caminhos que percorremos, faz picadas, deixando aberto, ensinamentos.

Pelo tento, tranço ideias e busco vida, nesta terra verdejante da minha pátria.
Fumaça, mate e até a morte, são escritas de uma verdade, em todos os momentos.

A história, a que trilho, dou em verso por herança a qualquer vivente.
Das três pátrias, faço minha morada, conquista pelos caminhos que cruzei.

Daquilo que vi, e vivi, eu sentencio e dou por sorte a qualquer um.
Sorvendo em poesia, neste orvalhar, conta minha vida ao qual eu determinei.

Marcos Alves.

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sábado, 16 de abril de 2016

Pátria e Democracia

Amigos peço licença, gostaria de falar, perdoem minha "xucreza".Algo acontece, e até me causa estranheza, custo acreditar.

A pátria velha, esta que no serve de todo jeito e toda forma, escramuça!
E o povo, que nela habita, é tratado sem respeito, quase por se trancar.

Por todo lado, um verdadeiro alvoroço, querem no tranco fazer valer.
Um baita entrevero, com a democracia e no respeito a todo o povo.

Este vento do incerto na corrida do poder, é até uma desfeita!
Estes sujeitos, imundícias, nesta situação "brasina", querem tudo de novo.

Foi desde o início, dentro e fora do Rio Grande, também nos primórdios.
Pela ganância, já sem limite, vão da direita para esquerda e até mesmo, por fora.

Esta pátria, que se abala, com a falta de vergonha mediante a tanta coisa.
E os governantes, engravatados, que na luta pelos pilas, se soltam campo a fora.

Na escuta, pelo velho rádio, acompanho quem por sinuelo caborteia.
E o dito pelo não dito, vira fato, e vai a voto, dos que querem enriquecer.

Entrincheirada, a soberania vai ceifando, as ervas daninhas.
No final, ficará quem o povo, pelo voto, fez valer.

Eu até não entendo, e pra mim é uma afronta, querem a pata de cavalo pisotear a constituição, documento, construído pela história.

E o Brasil? Este luta de daga a toda prova, de uma forma aguerrida, do mesmo jeito rio-grandino, empunhando sua trajetória.

E os malevas, os que nada fazem, são como pega-pega na lã das ovelhas.
Vão e grudam neste maldito poder. E o povo? Em "reculuta" à dignidade, em meio a esta disputa!

Neste golpe desarmado, no fim, querem romper com o direito do cidadão.
Regras quebradas em atos desonestos, são os gritos desta nação enfrente a esta luta.

Gaúcho ou não, somos forte e lutamos! Nem por falta de armamento neste golpe repetido , muito menos, feridos ou caídos, recuamos a qualquer força bruta.


Marcos Alves.

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Para que fique registrado, em 17 de abril, amanhã, se dará um dos maiores golpes da direita pela tomada do poder, sem uma eleição legítima. Estão invalidando o direito dado ao povo pela constituição e por ela regulamentada.

Este ato, tem em sua ação, a encoberta dos roubos executados pela direita, onde os mesmo estando no poder, poderão simplesmente arquivar e sumir com todas as provas, fazendo do povo brasileira, idiotas de uma nação.

Não podemos deixar!!! Luta, golpe não!!!

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Minha Prenda

Lá no horizonte largo, onde o sol risca seu caminho.
Encontro os olhos dela, minha prenda, cheio de luz e carinho.

Neste pampa que tanto amo, nesta vida que o patrão velho me deu.
Minha sentença, é das melhores, estar sempre junto ao lado seu.

Não consigo, e pelo pensar eu vou ruminando, o porque deste amor.
Nesta vida, troco não há, é certo e a gente sabe, isto é coisa do senhor.

Seus cabelos, melenas ao vento, trás o perfume da saudade em meus caminhos.
Nestes desacatos da vida, em minhas andanças, foram poucos os carinhos.

Nos teus braços, e pelo teu corpo, quero a cada luar me encontrar.
Ao teu lado, e nas manhãs frias, água e erva, quero contigo matear.

No dia que se passa, mesmo que na distância, lida e obrigação.
Meu pensar, minha alma, são como um candieiro, iluminando o coração.

Na porteira, depois da tranca, já ao longe, se apresenta uma flor.
Esta prenda, tão bela e formosa, que me arrebata, me da vida e amor.

Marcos Alves.

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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Marenco em Filosofia

Verdades em forma de melodia, cultura e vida, um sabiá ao vento.
Traquejo nas palavras, sabedoria no pensar, liberdade ao alento.

Música que expressa o pampa em voz imponente.
Linhas e linhas de poemas, reportando a alma da gente.

Estampa em galhardia, levando ensinamentos quando mira uma estrada.
Brisa sem rumo, destino incerto, quando em uma cantiga encantada.

O mundo é seu galpão, estrada sua sina, melodia sua essência.
Forjado pelo regionalismo de Jayme Caetano Braun, temperou sua existência.

Tropilha, pelego e machado, são vivências esculpidas no coração.
Inverno, lenha e fogão, são lembranças sorvidas junto ao chimarrão.

Herança divina, certeza do que é e sempre será, presente e futuro no cantar.
Artista completo, filosofia pampeana, fato, voz e violão, sem nunca cansar.

Marcos Alves.

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Um regalo a um grande cantor, do qual aprendo com suas melodias, a vida do campo, neste paraíso de cultura que é o nosso Rio Grande do Sul.

domingo, 20 de março de 2016

Anjo Gaúcho





Foi a muito tempo, que um tipo, de chapéu aba larga e lenço preto,
trajado a preceito, numa balda, de quem vem da fronteira.
Gritando como se fosse de casa, e num passo compassado
em cima de um ruano, foi sem respeito, abrindo a porteira.

Nunca fiquei sabendo sua origem. Logo de primeira, foi pedindo pouso.
Contou uma história, de dor e sofrimento ao meu pai, de que vivia.
Eu ainda guri, e de longe, só bombeava como quem a qualquer momento, caso o pai precisasse, pegava ferro branco, e me ia.

Foi costeando o rancho, e numa lamuria, acabou por convencer. Meu velho pai, sempre caseriano, logo deu a sentença, deixando o sujeito posar.
De certo, em uma permuta, tudo se aprumou, bóia e um pelego, no trato, dos cavalos tosar.

Não existe vento ou temporal, muito menos o berro do animal, que possa parar meu pai na lida campeira.
De pronto, ficava de tocaia, queria entender este xiru, que do nada deu costado aqui no rancho, mas que porqueira.

Minha mãe, conhecedora de qualquer boia campeira, fez de um espinhaço de ovelha, o melhor mexido.
O sujeito, que se faz presente, no respeito que se exigia, pega seu prato, e sai pra rua, no pouco que se foi permitido

Aparício, seu nome, e a muito tempo, mas muito, já era veterano. O patrão velho, trás em linhas carvoadas a lida de cada um.
Meu pai, em dias, depois dos acontecidos, o céu abriu morada. Uma dor, minha dor, mais do que qualquer um.

Pois sim, isto até parece prosa de quem não tem o que fazer. Tudo verdade.
Eu cresci, e Aparício sempre ao meu lado. Pouco assunto e nenhuma maldade.

Aprendi o ofício nos costados deste bagual. Não tinha um dia, que não perguntava, o motivo de sua existência.
Traduzi esta história, em poucas palavras. Foi um anjo, "camperiano" ao meu lado na minha penitência.

Marcos Alves.

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sábado, 12 de março de 2016

O Fogo da História

Da faísca, surge o fogo que ilumina o breu
O mesmo que marca o chão, e atiça a ideia

Cerne de coronilha, pra uma noite longa e fria
Labaredas, que reboleiam suas chamas, em plateia

É por volta dele, que rodeia a gauchada e a cuscada
Contam histórias, vitória e guerra, em rédeas pampeana

O calor que emana, distribui silencio a quem escuta
E um lobuna, solto ao campo, em sentido de campana

As chamas governam a noite, encorajadas pela guerra
O tição, que de longe é conduzido, escuta o que não agrada

Contos que ilustram, uma luta gaúcha pela terra
E la fora, pousa fria e sem pena, um vento em geada

Uma luz que queima e ilumina, trás pra mente
O legado antepassado, que esta dentro da gente

O mate que se renova, uma, duas ou até mais vezes
Sorvido pela água, que aquele fogo, se fez fervente

No galpão ou fora dele, a vida se repete como um ciclo
O ritual é infinito, todo dia, no fim da lida o fogo volta

E os campeiros, na volta dele, são detentores dos fatos
Sempre do mesmo jeito, no mesmo fogo se conta a revolta


Marcos Alves.

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terça-feira, 8 de março de 2016

Amor de Interior

Me agrada contar uma verdade, coisa minha
Algo que me aconteceu, lá no meu interior

Terra que nasci, destinada a vida campeira
Gritos de quero-quero e volteios de beija-flor

Desenrolo este conto, seivando um amargo
Vou remoendo, mas não farei grandes floreios

Estico a prosa, mas é apenas no início
Foram léguas de estrada, agora, puxei os freios

No caminho da obrigação, minhas tarefas
Campo e cavalo e os tratos do galpão

Foi de relancina, numa cruzada corriqueira
Pelo correr do dia, eu avistei, e que satisfação

Pela retina, uma luz tão bela, me arrebatou
A mais formosa china, moça direita e de família

Numa balda costumeira, mirei seus olhos, e me achei
Atarantado, tomei tenência, respirei, e aprontei a matilha

Por muito tempo, foi o mesmo amanhecer, nada mudava
Mas naquele dia, o destino achou seu curso, e o patrão me regalou

Sou primitivo, índio grosso, lida e cavalo é meu ofício
Mesmo assim, seria uma desfeita, e de pronto eu meu vou

Num trote compassado, logo fui ao seu encontro, e ela na janela
Um presente do céu, pra juntos matear nas manhãs orvalhadas

Moça de porte refinado, belos trajes e lindos cabelos
Fui de manso, disse minhas pretensões, deixo até as cavalhadas

No traquejo das palavras, fui conduzido o momento
Mesmo ainda, sem saber sua graça, já tinha certo

O amor que me palpitava, já era um baita sentimento
E já sem chapéu, queria chegar ainda mais perto

Mais não foi assim de lambuja, precisei merecer
E de fato conquistei, e a minha alma, agora tinha dona

Num sentido amplo da palavra amor, eu afirmo
Nunca mais, uma noite seria gaviona

E de sol a sol, até o rancho se aprontar, de certo não ia parar
E foi na igreja, com ela, nossos mates consagrar

O padre, em seu ritual divino, há de confirmar
Eu e ela, pra sempre, depois do altar

Este conto, uma verdade, Deus me destinou
Este amor charrua, eterno, que me consagrou

Marcos Alves.

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Sou Gaúcho e Cantador

Numa mescla de sonho e realidade, nesta vida sulina
Tranço o tento, em um laço de amor e sentimento

Peleio uma guerra comigo, buscando minha verdade
Quero entender, e acho que até sei, é o meu momento

Canto o sul, mas não desdenho qualquer estado, minha filosofia
Busco na história, e pela voz, compartilho versos pampeano

Trago no sangue, células que contam a revolução e costumes
Verdades históricas , em voz e violão, pois não sou haragano

Trago a luta deste povo, na garganta, em notas musicais
Tenho o Rio Grande do Sul na alma, e por isto, um nativista

Represento versos e músicas, sou gaúcho e cantador
Tenho meus ideais, bem dentro, não sou um populista

Por excelência, só canto a tradição, coisas do meu sul
Regionalista, trago nas cordas da minha guitarra, um sonho

Declamo o que sinto, e distribuo a quem solicitar, meu canto
Tenho estrada, mas ainda quero mais, e por isto eu me ponho

Me ponho a merce dos amigos, para ser apreciado
Não tenho medo da crítica, sou simples, na arte exigente

De certo, em uma ronda, me destaco, e até emociono
Na milonga que canto, tendo atingir o máximo de gente

Quero envolver, moldar uma geração de bota e bombacha
Irmãos que entende, que tem na cultura que sigo, o apreço

Não vivo ainda do meu canto, mas sigo em frente, e com calma
Minha família, meu esteio, e tenho somente o que mereço

Marcos Alves.

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*** Este é um poema, contando um pouco da história de um cantor e sua verdade em voz e violão. ***

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Amigas para Sempre

Mesmo que por linhas tortas,
A escritura sagrada não menti

E ainda, que se passe milhares de anos
A verdade do patrão, é antiga, e a gente senti

Na plenitude da existência, nesta dádiva da vida
Deus pai, nos presenteou e enviou a este pago

Duas vidas tão belas, que por certo, elas
Antes mesmo de nascer, já haviam conversado

Algumas estrelas, nascem no céu
Feitas para brilhar e encantar os olhos

Algumas estrelas, nascem na terra
Feitas para brilhar e encantar a todos

Algumas estrelas, se cruzam no céu
Indicando, um rastro de luz e amor

Algumas estrelas, se cruzam na terra
Indicando, o grande milagre do senhor

Elas meninas, ainda no berço, no leite materno
Pela conversa enrolada, já trocavam proezas

No sentido mais puro, da palavra amizade
Estas prendinhas, já tinham algumas certezas

Que seus caminhos, por mais distantes
Que seus sonhos, por mais diferentes

Nunca, nem neste ou qualquer outro momento
Existirá, uma amizade, constituída desde o ventre

Amizade, que pela contagem do tempo
Que no crescer, delas, e pelo entendimento

É algo concreto, e digo mais, é um fato
Seres puros de alma, cumplicidade no ato

Amigas para sempre, é uma rima constante
E elas, meninas, parceiras de vida, é uma certeza

Expressam pureza, carinho e simplicidade
Pequenas, no tamanho, mas amor é uma grandeza

Gritam, se apertam, e no mesmo instante embestam
Que de certo, irmãs de sangue, não são, não importa

Amigas para sempre, é uma rima constante
Sentimento que transcende, ao abrir de cada porta

Marcos Alves.

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Saudade do Pago

Por vezes, me vem nas ideias
Um pensamento que eu não tinha

Saudade do pago e dos costumes
Numa terra, que não é só minha

Na beirada da janela, na minha morada
Lembro do passado, enquanto sozinho mateio

Recordo de feitos, as coisas daquele tempo
Enquanto conduzo a ideia, me vou pelo meio



Casa da minha infância, lugar onde eu nasci
Lembro e até sinto, fui embora, ainda um guri

Cuidava dos bichos, de todos, principalmente as ovelhas
Tudo em cima de um amigo, meu gateado eu trazia no freio

Lá na casa, a tranca da porteira, abria caminho
Uma judiaria, o pasto estava alto, ninguém veio

As tramelas das janelas, não seguram mais o vento
Pelas frestas do rancho, dentro de casa, só velharia

Os bichos, ao relento, e um quero-quero sozinho
Jeito de abandono, não acostumo, isto ninguém dizia

Tenho saudade, lá de casa, do tempo de guri
Tenho saudade, de tudo, que um dia eu vivi

Desta mesma janela, a imagem que me chega
Eu enquadro na mente, emoldurada de alegria

Na vida que vivo, longe de casa, da casa que tinha
Nem mesmo de longe, consigo sentir, é estranho

Tenho tudo, mas algo me falta, e peço perdão
São só pensamento, mas o amor é tamanho

Tenho saudade, lá de casa, do tempo de guri
Tenho saudade, de tudo, que um dia eu vivi

Marcos Alves.

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sábado, 2 de janeiro de 2016

A Chegada do Irmão

Vento, chuva e pedra, de tudo aconteceu
Naquele dia, o tempo estava cabuloso
Do rancho, um grito, logo reconheci
Minha mãe me chama, fiquei sestroso

A notícia era boa, o ventre rompeu
Antes, muito antes, era apenas eu
Meu irmão, em um grito informou
Eu não estava mais só, ele nasceu

Só escutei, ainda não conhecia
Mesmo assim, medo eu senti
Eu tinha tudo, mil regalias
Temi, e logo pensei, puxa perdi

Tenho duas mães, e um amor infinito
Maria, por quem rezo, mãe de jesus
A minha, que me cuida, quem me deu a luz
Me deram um presente, no instante do grito

É uma situação, eu não estava preparado
De pronto, um individuo tomando conta
E a mãe, com um olhar gaviona
Num grito de ordem, já desponta

Irmão, é como o sol que amadrinha o chapéu
E os dois, dão de costado pra toda a vida
É quem fica contigo, na cevadura do tempo
É a troca de ombro, no romper de um tento

Irmão, é quem chora no desalento
É quem te pede conselho, e não corcoveia
É quem viaja, e deixa saudade
É o mesmo sangue, que corre nas veias

Irmão, é irmão e compadre
É quem agente confia os filhos
Quando na distância, arrebata a alma
Pensa igual, e anda pelos mesmos trilhos

Irmão, chega cedo para não matear sozinho
É quem no frio, na lida, joga lenha no fogão
É prosa, conhecimento e confiança
No rio, é quem abre o caminho

Irmão, é herança e um legado
Envelhece contigo a cada cruzar do vento
Em uma tropa, sinuelo, é uma certeza
É a tua sombra, na rudez do tempo

Marcos Alves.

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O Que Determina o Simples

Uma quincha, bem armada
Um galpão campeiro, bem a preceito
Rancho e sombra, lá no Rincão dos Alves
São coisas simples, que alegram o sujeito

A cavalhada solta ao campo
O olhar, que se perde na distância
Alambrado e arame bem esticado
São coisas simples, da nossa estância

Um mate jujado de esperança e amor
Um braseiro, que aquece a madrugada
Um lenço, que abana da porteira
São coisas simples, que vem da prenda amada

Prosa mansa no encontro de um amigo
Truco bem jogado, num final de tarde
Um costelão doze horas, num domingo
São coisas simples, de uma amizade

Um sapucai, em notas musicais
Uma viola, chorando uma milonga
Uma roda, ao ritmo da gaita
São coisas simples, que acontece em uma ronda

Um zaino pra toda lida
Um carborteiro, sem respeito
Um haragano, para impor a doma
São coisas simples, que considero feito

Minha terra, meu lugar
Sou gaúcho que não desiste
Gosto do simples, e insisto
São coisas simples, que só aqui existe

Marcos Alves.

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Natal é Luz

Em um grito de salvação
O pai eterno, num ato de perdão
Pela súplica deste povo
Mandou vida, luz e compaixão

Amor, esperança e perdão
Milagre, vida e cruz
Deus pai, em sua sabedoria
Colocou entre nós, o menino Jesus

E nasceu Deus menino
Que na manjedoura, em Belém
Como diz o livro sagrado
Ele perdoa, ama e trás o bem

Irmão, que protege e cura
Que tudo vê e tudo sabe
Felicidade, dor e sangue
É o messias, verdadeiro milagre

É por ele, e mais ninguém
Que no suspiro final
Conduz o homem ao caminho
E totaliza o bem e o mal

E neste natal, e eu me comovo
Jesus, que no meio povo
Cura, liberta e alimenta a alma
Trás a luz, para um grito de socorro

Anunciavam os profetas
Que hoje, agora e sempre
E em todo natal, lá no céu
O salvador se faz presente

Marcos Alves.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Meu Velho Pai

Filho, te aprochega e afrouxa o barbicacho, senta e pega um mate, pois vou contar, o que deste mundo eu sei.

Nem por todo o regalo que esta vida me deu, nem tão pouco tranquei os pés, pra maldade do tempo. Quero te falar, entregar o que tenho de melhor, tudo aquilo que nunca te contei.

Esta prosa é dura e forte meu filho, não irei fazer rodeio. Nunca pedi alento, e entre os retalhos do tempo, no meio dos juncos pelos açudes, fui forte e pisei firme.

Nesta correria do dia, os anos passaram, e eu não vi e nem senti. Levei um susto, quando em meu abandono eu pensei, parei e me dei de conta, que velho eu me tornei.

Na mediocridade da vida, eu fui contemplado, com histórias e feitos que a após minha sesteada eterna, podes te orgulhar.

Um legado eu te deixo, esta escrito no couro e na alma. Força e sabedoria, são espinhos vencidos por mim, é tua herança, pode confiar.



Um candieiro pra tua caminhada, eu acendi. Pela estrada que irás trilhar um dia andei, e por isto eu sei. Um filho meu, abre qualquer porteira sem carecer baixar cabeça.

Em apenas um verso, é impossível passar as intempérie que a vida te guarda. O tempo é como um gateado solto no campo, ele passa e agente não sente, nunca esqueça.

Filho, aperta o barbicacho, pega do teu mate e vai. Te cuido de longe, como sempre, eu sou teu pai.

Marcos Alves.

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Minha Linda Gauchinha

Foi em uma noite fria, muito fria.
Que uma flor de jasmim nasceu.

Na amada, o seu ventre ela rompeu.
E com um grito, de liberdade, pra vida ela chegou.

Tão linda e tão bela, tudo mudou.
E no rancho, a rotina ela alterou.

Ela pequena, não sabia o que o mundo queria.
Nem precisava, o patrão, pai do céu, ele a conduzia.

E nós, por ela pedia, que depois daquele dia, nada fazia mais sentido, eramos agradecidos.

Ela veio depois, bem antes, muito antes, um outro amor já havia nascido.

É outro verso que conto depois. Amor, não foi só um, no fundo, são dois.

Marcos Alves.

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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A Lida e a Fumaça

A fumaça que desponta, na chaminé de cada amanhecer, indica, que naquele rancho, mesmo que tapera.
Existe um gaúcho, que pela seiva do amargo se prepara, para mais um dia de lida.

Neste mesmo andejar, no minuto que brilha o sol amadrinhador, enxerga pela janela, o dia, ainda com jeito de noite, sentindo o cheiro da vida.

De certo, que a geada se faz presente no tapete verde lá na rua. E faz deste domador, mais feliz, quando nela pisa, e de longe,  bombea o chucro no palanque.

E sem nunca desistir ou retardar, nem pelo frio de cortar, que lá fora faz estrada, que de encontro ao poncho, arrepia o osso no mesmo instante.

Faz de um sulino, que nas veias, tem o serviço como obrigação, onde dele trás o pão, que alimenta a alma e descansa o coração.

Um bravo, que domina qualquer redomão, no respeito, sabedoria e na ponta espora.

Está história que não foi dita, fui eu mesmo, é minha própria escrita.

Moro no sul, é minha herança, nem o mais caborteiro, me tira esperança.
Sou domador, e madrugador, meu ofício desde criança.

Marcos Alves.

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segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Meu Pala Minha Prenda


No pala da tua alma, quero me abrigar, e a lagrima da saudade encurtar.

Ao atirar o pala por cima dos ombros, sinto a presença da prenda, em um abraço de amor.

Se o meu pala, pode me acompanhar tão perto de mim, é por certo prenda, que tu pode me amar, me amar assim.

Se numa tropeada, o pala me protege do minuano mais rigoroso, há de nos abraçar e aquecer, e até manter, o amor, o teu amor, mesmo que longe, perto de mim.

Por um regalo da vida este pala é o mesmo, o mesmo desde sempre. Amanhece e adormece ao meu lado, e num sonho, quase uma realidade, desejo estar sempre junto a ti, em uma amor encantado.

Na chegada do rancho, dou descanso ao pala velho estradeiro. Que no rigor do dia e a da noite, exerce o ofício tropeiro.

Pela fresta da janela, vindo pelo meio do campo, tu minha bela, que ilumina o mate que a espera e também este velho quera.

Em um passo bem medido, me vou de encontro a ti, te dizer que nunca mais, pra longe eu há de ir. Te rodear e envolver com meu pala, é minha cina e meu destino.

No arvoredo que rodeia o nosso rancho, busco a sombra e proteção. Com meu pala, o que te envolve e aquece, prenda, campeio a ti, pra salvar meu coração.

No pala da tua alma, quero me abrigar, e a lagrima da saudade encurtar.

Marcos Alves.

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domingo, 8 de novembro de 2015

Um Taura e Meio

Foi no tranco, que este gaúcho veio ao mundo.
Piratini sua querência, mas seu pago, Canguçu.

Querência ou pago, tanto faz, tinha orgulho pelo dois.
Homem de fibra e coragem, não tinha medo de nada,
nem do mais bravo zebu.

Aprendeu a lida campeira, herança de seu pai.
Logo partiu, militar se tornou, sua família ele deixou e na cidade chegou.

Lima é sobrenome, referência, um indicativo de presença.
Respeitado e amado, e mesmo não letrado, uma sabedoria alcançou.

Na cidade de Pelotas fez história e profissão.
Casas e prédios foram erguidos, foi mestre da construção.

Sujeito de presença e galhardia, logo deu espaço a prenda de melena escura.
Mulher de sabedoria, conduziu o quera, com estilo, beleza e formosura.

Os filhos, sim os filhos, sua vitória.
Respeito, dignidade e honra, foi a herança deixada, em forma trajetória.

Quando numa ponchada de amigos, não tinha quem não gritasse, que o maior pé de valsa, no baile fazia graça.

Um xiru se tornou, e a prenda Deus chamou pra junto dele.
E ele como um rio, seguiu, e mesmo sem ela, resistiu.

No mate de todo dia, sentado em seu trono, na busca da informação, aprendia sobre a cidade, as pessoas enquanto os dias passavam.

Autêntico como de costume, não se dobrava a qualquer vivente.
Aprendeu a encilhar o tempo, e fez dele uma espera.

Definiu sua trajetória em forma de guerra. Tinha um rumo certo.
E hoje, um anjo, uma saudade, um sentimento sentido por perto.


Marcos Alves.

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terça-feira, 3 de novembro de 2015

20 Anos de Amor


Nos traços riscados pela lua e pelo sol,
uma linda história de amor foi escrita.

Nesta bendita contagem do tempo,
os anos se passaram e não senti.

Aprendi, que nesta vida passageira,
neste tempo de amor, eu me permiti.

Deixar que Deus me conduzisse,
pelo pampa junto a ti.

Não foi ardo e nem um fardo,
mas com a prenda ao meu costado,
Misturamos almas e sentimentos.


O amor e a paixão, nos conduziram,
E nenhum de nós, apeou desta estrada,
não acumulamos sofrimentos no coração.

E em tempos de guerra, não permitimos,
que por qualquer peleia ou desagravo,
esta trilha tivesse desvio ou imperfeição.

E foi junto a ti, prenda minha,
que 20 anos se passaram.
Pirilampos na escuridão,
as noites iluminaram.

E neste dia e nesta data,
cantei versos que descrevem,
o amor que não desata e que frutos resultaram.

Os pias, no rancho chegaram, linda história, lindo amor.
Minha linda prenda!

Marcos Alves.

Esta poesia, eu dedico ao meu eterno amor, onde juntos e durante 20 anos, vivemos o que somente o amor pode fazer viver.

Te amo muito Andréia Alves.

Marcos Alves.

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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Tempo se Passa


No apontamento da tarca da vida,
por muitas moradas, recorri e pousei.

Desde piazita, uma guerreira nas peleias.
Desde piazita, para uma peleada, nunca me recusei.

Foi neste ritual primitivo, que escrevi história, pisando miúdo e forte, nunca 
parei!

Na insistência costumeira e na rudez de cada dia, letrada fiquei, e no topo, eu cheguei.
Não contente com o título, que conquistei,
ao estudo voltei, e de novo ganhei.

No rigor da contagem do tempo, eu logo pensei.
Um índio campeiro, vivente da esquila, despacito cruzei.

Este quera, ao qual me refiro, originado nos campos,
das ovelhas e do gateado manso, que recorre a terra.

Vem de encontro num trote calmo, aos olhos meus.
E na simplicidade da sua fala, curta e direta, logo escreve o tempo.

Sem muito o que esperar, o casamento se faz momento.
E no adiantar do tempo, logo o fruto, no ventre pede morada.

E o dia chegou, e o piazito chorou, e de mim arrancou,
lagrimas de alegria, pois no rancho, eram dois, agora aumentou.

E esta história não acabou, este guri, forte e alegre, me conquistou.
E lá na fazenda, na minha pousada, um petiço te espera.
Pra quando tu crescer, contigo trotear e juntos prosear, e eu
te contar, o amor que nunca é tapera.

Marcos Alves.

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Uma História de Guri


Meu pensar é traiçoeiro, feito cavalo mal domado,
quando enfio as esporas nas ideias, logo me vem o passado.

Em um trajeto mal escrito, de muita realidade e pouco sonho,eu guri, que ali deixado, no costado dos avôs, vi o passar da lua e do sol.

No trote de cada dia, fui em busca da minha essência.
Meu avô, um verdadeiro campeiro, conhecedor da lida e da vida, fez de mim um grande homem, pra hoje, amanhã e pra toda a minha existência.

Foi na felicidade alheia, que fui forjando o aço dos meus sentimentos como quem forja uma faca.
Pouca família, poucos amigos, e o que sobrou, foi a tarca dentro de mim, onde apontava a cada momento, o fim do que não mata.

Os dias se passaram, e pirilampos na escuridão, iluminaram a estrada de céu cinza,
e na ponta da lança, já cansado, outra história começou.
A vida, como um rio, abre caminhos, logo deu de relho no ruim e o mal ela contornou.

Eu, já um tapejara, busquei a felicidade a cada amargo sorvido.
E nesta busca, a prenda se fez presente, e ausente a tristeza.

O amor quando encontra um gaúcho, é como um chá que cura.
Aos poucos dei de coice no passado, e não existe mais tortura!

Marcos Alves.

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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O Amor de um Fronteiriço



Um fronteiro de alma, coração e comportamento,
tem no seu ser, a certeza da sua existência.

Em uma busca não sentida, mirava horizonte a procurar.
E foi nos olhos dela, que definiu as batidas de seu coração.

Um amor macanudo e na medida, foi correspondido.
E ela, uma menina, na pureza do seu tempo, logo deu costado.

E quem de longe tironeia o laço, na busca da certeza,
logo enxerga seu amor rodeando seu compasso.

Em uma galhardia própria, vinda do passado.
Conheceu ao lado dela, a saudade de um dia ser teatino.

Na exigência do seu amor, nunca aceitou imperfeição no sentimento.
Logo pediu a moça em casamento, e juntos contemplaram momento.

E o índio, nascido do sal, definiu sua trajetória em forma de amor.
Nos braços dela, a cada dia e momento, ele agradece ao senhor.

E a cada cevada, na cópia de cada dia, que ele se declara.
O amor pediu lugar, e ela a aceitar, abriu a porta do seu rancho.

A historia é repedida, e eles a comeram no riscar de cada lua.
O dias se passaram, e o fruto no ventre dela, a vitória foi toda sua.

Marcos Alves.

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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Eles e Eu

Orgulho e satisfação, é sentimento que entranha em meu coração.
No significado mais sublime do amor, tento entender esta sensação.

No rancho, no início, era eu e ela, hoje, bem longe do fim, são eles e eu.
São as razões que explicam a pureza do amor, do amor que é todo meu!

Abençoado patrão celeste, que tudo fez e tudo sabe, e que não deixou por menos.
Me trouxe o melhor desta concepção de vida, o amor que de tão vasto,  quase não cabe.

Na sombra que se forma pela aba do meu chapéu, abrigo eles e ela,  que são os motivos e as razões  da minha existência.
No chimarrão cevado, junto a cada fim de madrugada, como quem bombeia o horizonte a qualquer hora, meu pensamento insiste nesta vivência.
Rumino bem lá dentro, ao sorver de cada amargo, em um ritual de agradecimento, quando enxergo ali defronte, as luzes da minha aurora.
Não encontro outra história, tão bela e sincera, nem nas patas do melhor cavalo correndo por fora, eu teria outra vida, como esta de agora.

Eu e ela, eles e eu, algo que não se explica em um simples verso.
É mistura de felicidade e medo, tudo, em um mesmo universo.

Marcos Alves.

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Alma e Propriedade


Neste pampa de campos largos, fronteiriço por excelência, onde o cavalo e o homem, misturam alma e propriedade.

É na rudez de sua essência, que debaixo de um tarumã, na sombra da história, a vida campeira se faz saudade.

Somos todos tentos da mesma lonca, buscamos a verdade neste pampa sulino,
Não temos motivos de ser teatino, e nem fazer da alma campeira, uma porta para enfermidade.

Queremos o que é nosso, o que nos foi dado pelo patrão velhos lá de cima.
Somos autênticos, feitos do barro, temos nossa liberdade.

Alma campeira, firme como cerne de coronilha que ródea a tropilha.
Vivente, que do mate do dia a dia, bombeia no risco do horizonte as ovelhas em vigília.

Busca na saudade do pensar a eterna lembrança pampeana.
Uma história vivida e outra contada no favo de cada bombacha.

E todo gaudério, seja novo ou seja velho, tem no couro as escritas do tempo que se passa.

A cada passagem nesta vida, o dito de agora, vira o conto de cada porteira, e o guri que do ventre protegido, nasce da história com sua alma campeira.

Marcos Alves.

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